Entrevista com o escritor Márcio Muniz

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Natural do Rio de janeiro, casado e pai de dois filhos, formado em técnica na área de eletrônica, bacharel em administração e pós graduado em gestão de pessoas e projetos, exerce a profissão de bancário e tem como hobbie escrever poemas e crônicas, aos 43 anos não esconde seu amor pela literatura e segue publicando seus livros de romance com temática sobre preconceitos e encontros. Atualmente o autor participa no youtube de um projeto “toda poesia” que reúne diversos autores para declamarem diversos textos.

Como conheceu a Editora Illuminare, o que gostas de escrever?

Escrevo desde que me entendo por gente, sempre adorei as aulas de língua portuguesa e principalmente as de redação nos tempos do colégio. Comecei escrevendo em meus cadernos os meus pensamentos e sentimentos sem nem saber na época do que se tratavam direito àqueles escritos, mas ali surgiam meus primeiros poemas e crônicas.

Porém, apesar de escrever há tanto tempo, só fui fazer minha primeira publicação numa antologia no ano de 2014, com um poema. Achava que meus Textos ficariam restritos aos meus círculos de amizade e minhas gavetas. Depois dessa primeira publicação, rompi a barreira da timidez, passei a enviar textos para outras antologias e num belo dia, fui atraído por uma capa de um projeto chamado Sombras e Desejos (o ano era 2014), era de um grupo chamado Antologias Brasileiras e a antologista chamava Rô Mierling. Esse grupo depois veio a se tornar a Editora Illuminare algum tempo depois. Foi meu primeiro conto publicado.

Sobre o quê fala seus livros? Quais os temas?

Escrevo principalmente o que eu sinto e o que eu vejo. Gosto de falar sobre nossa realidade e as coisas simples da vida. Às vezes, por uma pitada de fantasia nas coisas cotidianas, provocar as pessoas, fazê-las se perguntar coisas como “e se…” ou “Por que não…” Sim, quero que elas leiam sobre suas realidades, mas sem deixar de enxergar magia nas coisas corriqueiras. Escrevo principalmente poemas, mas também já publiquei contos, crônicas e microcontos.

Quantos livros você já publicou?

Até aqui são oito livros publicados, quatro em formato físico e quatro em e-book. Cinco deles são de poemas, um de poemas e microcontos (publicado pela Illuminare), um livro de contos que trata da temática dos primeiros encontros, a primeira vez que duas pessoas se notam e algo as atrai. Além disso, publiquei um romance, uma história que tem a cidade do Rio de Janeiro como plano de fundo, uma história de um amor que deve lutar contra o preconceito social e racial e de como essas coisas podem mudar a trajetória dos personagens do livro.

Além dos livros, são outras 40 participações em Antologias com poemas, contos, crônicas e microcontos, mais de 20 delas pela Illuminare.

De onde veio seu interesse pela literatura?

Sempre adorei ler. Comecei como a maioria das crianças da minha época, lendo gibis. Depois vieram os livros paradidáticos e os clássicos no colégio. O que para a maioria era uma tortura, para mim era um imenso prazer. Livros como “O cortiço” de Aluísio Azevedo, “Dom Casmurro” de Machado de Assis, entre outros, me fizeram desde jovem me encantar pela literatura.

Qual seu último livro publicado e o que fala ele? Seria de poesia?

Minha última publicação é um livro que tem duas partes, uma de poemas e outra de microcontos. O título é Microamores e faz parte da coletânea Pedaços de mim da editora Illuminare. É um projeto gráfico muito especial e os primeiros livros desta coletânea são de autoria da Rô Mierling e do autor Fernando Nunes. A escolha do livro foi por dois motivos. A primeira parte dos poemas mais curtos, deu-se pelo fato de eu ter feito uma pesquisa a respeito de poemas do tipo Haikai para uma palestra que eu deveria dar em um evento literário. Acabei me encantando com o tema e com o poder de síntese, com a criatividade e de como em versos tão curtos poderia conter tanto sentimento. Isto também serve para os microcontos e seu poder de síntese. Nunca tinha escrito um antes. Quando a Illuminare há algum tempo atrás nos desafiou a embarcar nesse projeto, também fiquei apaixonado pelo tipo de escrita, virou um vício. Daí a ideia para a temática do livro.

Qual seu interesse pelo gênero de poesia?

Poesia é como melhor me expresso ( ao menos eu acho! rsrsrs). Uma vez me perguntaram em um evento literário, por que eu escrevia? Eu respondi por extinto e de bate ponto que eu escrevia para não me engasgar com as palavras. Hoje eu vejo que é mais do que isso. Eu era uma criança muito tímida, ainda me considero tímido, apesar de certa evolução. Creio que a poesia foi minha terapia, meu divã. A forma que meio que sem querer eu encontrei para desabafar e conseguir falar dos meus sentimentos, me comunicar com o mundo e as pessoas.

O que seria o projeto toda poesia? Vi que você participa de um canal no youtube junto de outros autores.

O projeto Toda Poesia é uma iniciativa de uns produtores de vídeo e cinema que convidavam poetas e artistas para declamarem textos, autorais ou não, no seu canal no YouTube, sempre com o mesmo modelo de filmagem. A poesia falada tem muito mais poder, tem a questão da entonação. Creio que a poesia declamada ganha vida própria. O projeto tem essa intenção, valorizar a poesia e a palavra, dar vida a ela. Vários poetas contemporâneos e atores já declamaram por lá, pessoas como Gregório Duvivier, Zezé Polessa, Soraya Ravenle e muita gente talentosa.

Qual é o seu sentimento em participar de um projeto que reúne tantos autores brilhantes, no toda poesia?

É sempre uma satisfação enorme poder dar voz aos meus versos, poder fazer parte de um projeto que visa popularizar a poesia, afinal, tudo que qualquer autor, seja ele poeta ou não quer, é ser lido, ser ouvido. Poder ser convidado para um projeto desses e estar entre pessoas anônimas e de renome, mostra que estamos todos ligados de alguma forma em prol da arte e neste caso em especial, da poesia.

Como é ser um poeta no mundo de hoje, onde as pessoas tem menos interesse na leitura?

Não sei se isso é verdade…acredito que as pessoas têm lido cada vez mais, especialmente em plataformas digitais. De fato, é difícil prender a atenção das pessoas, são tantas opções de entretenimento e informação e elas querem experimentar e não se prender a lugar nenhum. Contudo, acho que a poesia tem estado cada vez mais presente na vida delas, através dos canais e redes sociais. Hoje temos poetas com grande representatividade nesses meios como o Bráulio Bessa, o Allan Dias Castro do canal do YouTube Voz ao Verbo, entre outros. A poesia vem se reinventando para ser apreciada pelo grande público. Temos livros que surgem nas redes sociais e viram best seller como a série “Textos cruéis demais para serem lidos rapidamente” e também os livros da poeta franco-indiana Hupi Kaur. Além disso, veja a disseminação de eventos de slam e free style, que também são uma forma moderna de poesia. Cada vez mais o poeta se torna necessário na realidade que vivemos, pois das duas, uma, ou mostramos ao mundo uma fotografia de como ele é, ou somos os responsáveis por transformar dor em algo lírico e mais passível de ser tolerada.

O que está fazendo nessa pandemia? Tem se dedicado à escrita?

Temos vivido tempos de reclusão e reflexão. Então, como poeta que sou, impossível não se questionar, não tentar passar a limpo meus medos, esperanças, frustrações, etc. Tenho escrito muito sim, em especial poemas e crônicas. Acho que é papel do poeta na sociedade provocar, fazer as pessoas se questionarem sobre coisas que às vezes elas nem reparam.

Não sei se outra vez escreverei um romance. Apesar de ser um exercício de escrita delicioso também, descobri que publicar um romance tem a maior parte de transpiração e um percentual até menor de inspiração. Exige muita dedicação, disciplina, trabalho de pesquisa. Textos curtos me deixam mais livre, vem e vão a toda hora me visitar e eu gosto disso, dessa liberdade, dessa falta de compromisso com um futuro mais distante e em falar sobre as coisas do hoje ou de um futuro mais próximo. Meu próximo trabalho já está em período de gestação e será mais uma parceria para breve com a editora Illuminare.

Qual é esse novo projeto? Pode me falar um pouco?

O meu próximo trabalho com a Illuminare será um novo livro de poemas. Como eu disse, poesia é a forma que eu considero que melhor me expresso. O título do livro será “Acesso restrito“, na verdade de restrito não terá nada, é um convite que faço aos leitores para entrarem no meu coração e conhecerem melhor meus versos e meus sentimentos.

O que você espera pelo futuro como escritor?

Sou adepto da filosofia do grande Zeca Pagodinho…rsrsrs…vou deixando a vida me levar. Confesso que não fiz um plano de carreira como escritor, as coisas foram acontecendo e eu fui me deixando contagiar. publiquei em antologias e depois veio desejo de mais. Publiquei meu primeiro livro por conta própria, mas depois quis tentar fazê-lo por uma editora. Depois quis me pôr a prova escrevendo contos de gêneros diversos, só para saber se eu era capaz. Depois quis lançar um romance para ver se também conseguia. E agora justo quando achava que não teria mais desafios ao meu alcance, me deu essa vontade de publicar por achar que eu tinha algo mais a dizer. O que virá pela frente, só Deus sabe…

5 comentários

  1. Bom dia!
    Gostaria de saber onde mora o Márcio Muniz, pois temos um grupo – Coletivo A Banca Dá Poesia – na Mata da Paciência, pegando os bairros de Cosmos, Inhoaíba e Paciência!
    Parabéns pelo excelente projeto! E pela importante abertura a novos talentos!

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